A Canábis e o ciclo menstrual: Sintomas Menstruais e Fertilidade

A Canábis e o ciclo menstrual: Sintomas Menstruais e Fertilidade

Andre Correia

Há muito tempo que a canábis é utilizada no tratamento da síndrome pré-menstrual (SPM), da endometriose e das cólicas menstruais. (Era muito usada pela rainha Vitória de Inglaterra, a quem foi prescrita pelo seu médico, Sir John Russel Reynolds, para a dismenorreia, tendo-a tomado todos os meses, durante anos.) No entanto, ainda é necessária muita investigação acerca do uso de canabinoides para estas doenças comuns, que afetam milhões de mulheres apesar de alguns medicamentos patenteados nos EUA para cólicas menstruais já incluírem canábis nas suas fórmulas.

As alterações hormonais durate o período pré-menstrual pode provocar uma grande variedade de sintomas, como dores, irritabilidade, mudanças de humor, fadiga e inchaço. Os níveis existentes de hormonas, como a progesterona, aumentam consideravelmente durante esta fase, enquanto outras hormonas, com o estrogénio, diminuem.

O endométrio, a mucosa que reveste o interior do útero, também é influenciado pelas alterações hormonais. Quando as células que constituem esta mucosa proliferam fora do útero, formam-se dolorosas massas, uma doença denominada endometriose.

A progesterona é frequentemente prescrita às mullheres como um suplemento para o tratamento da SPM e do transtorno disfórico pré-mesntrual (TDPM), e, em conjunto com outras hormonas como terapêutica de reposição durante a menopausa.

Há provas que apontam para uma redução da progesterona durante a fase lútea (após a ovulação) devido ao uso de canábis e a uma possível alteração dos níveis de outras importantes hormonas, como a prolactina e o cortisol. Um estudo feito em 1986* demonstrou que o THC interfere na hormona luteinizante ligada à ovulação e que é possível que o ciclo da mulher seja afetado, de forma a alterar as hipóteses de ovulação e de implantação, pelo que se recomenda que as mulheres que estejam a tentar engravidar evitem a utilização de THC se nunca tiverem usado canábis.

O CBD ainda não foi suficientemente estudado para permitir uma compreensão mínima acerca dos seus efeitos na fertilidade, apesar de alguns relatos e alguma investigação  sugerirem que, quando usado no devido tempo, pode ter efeitos benéficos em mulheres que sofrem de infertilidade, especialmente a relacionada com a edometriose. Níveis elevados de anandamida promovem a ovulação (o CBD possibilita que este endocanabinoide esteja mais disponível no sistema), mas, para que um embrião seja implantado, os níveis de anandamida têm de ser baixos. Uma das hipóteses avançada pela investigação sugere que os canabinoides, como o CBD, podem reduzir as probabilidades de engravidar de mulheres com níveis naturalmente elevados de anandamida, e, pelo contrário, podem aumentar as probabilidades de engravidar de mulheres com níveis baixos anandamida.

 

 

*M. Ranganathan, G. Braley, B. Pittman, T. Cooper, E. Perry, J. Krystal e D. C. D´Souza, "The effects of cannabinoids on serum cortisol and prolactin in humans"

 

Fonte: "CBD-Guia do utilizador para a canábis medicinal"

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